A instalação do polo automotivo, com a fábrica da Fiat, em Goiana, na Zona da Mata Norte de Pernambuco, traz benefícios, mas também desafios para os próximos anos. A expectativa é de que a massa salarial, ou seja, a soma do que é gerado com pagamento de salários, cresça R$ 2,1 bilhões até 2020. O desafio é estar preparado para absorver localmente essa renda e também prover a infraestrutura necessária localmente com a previsão de crescimento populacional. O diagnóstico foi apresentado nesta terça-feira (28) pelo secretário de Desenvolvimento Econômico do estado, Márcio Stefanni. Um estudo analisou e fez projeções para nove cidades, além de Goiana: Itapissuma e Igarassu, principais afetadas após a cidade-sede da fábrica; além de Abreu e Lima, Araçoiaba, Condado, Itamaracá, Itambé, Itaquitinga e Paulista, mais afastadas.
A tendência, segundo dados do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), era de que a população de Goiana, por exemplo,
crescesse de 75,64 mil pessoas para 80,56 mil, até 2020. O estudo aponta que,
devido à instalação do polo automotivo, a população provavelmente chegue a
88,56 mil, em 2020. Nas dez cidades, a previsão é de que a população cresça de
711,74 mil pessoas (2010) para 814,49 mil pessoas em 2020. Devem ser criados,
até 2020, 47.528 vagas de emprego, direta e indiretamente.
A projeção prevê ainda que, com a instalação do polo
automotivo, o Produto Interno Bruto (PIB) de Pernambuco em 2020 seja 6,5% maior
do que seria sem o polo. “A participação da indústria de transformação no PIB
também vai crescer, chegando a pouco mais de 12% em 2020. O que existia de
salário naquela região, que era de R$ 347 milhões, deve dar um salto para R$
2,1 bilhões”, aponta o secretário. O total de investimentos previstos até 2018
pelo polo e também forncecedores é de R$ 9,6 bilhões.
O crescimento
populacional, acompanhado da projeção de crescimento da massa salarial e também
do PIB estadual e arrecadação municipal, traz o desafio de onde investir para
minimizar efeitos negativos, como o aumento da violência. “Também cabe aos
municípios projetar. O efeito não é hoje, temos que pensar daqui a alguns anos,
onde vai ser preciso ter escola, onde nós deveremos ter hospital ou qualificar
melhor nossos postos de saúde”, destaca Stefanni.
O estudo mostra ainda um grande número de trabalhadores
informais, especialmente nos três municípios influenciados diretamente pela
implantação do polo, com 42,9% do total sem contribuir com a previdência
social. Além disso, 54% da população dessas cidades, em 2010, ganhava até um
salário mínimo.
No atual quadro, os
municípios apresentam uma grande dependência dos recursos repassados pelos
governos federal e estadual. Com as fábricas em pleno funcionamento, a
expectativa é de que os municípios passem a arrecadar mais - sendo essa uma
fonte que prefeitos podem contar para projetar as obras e adequações
necessárias.
“Embora estejam melhorando, 85% das receitas de Igarassu,
Goiana e Itapissuma vêm de transferências intragovernamentais, há uma
dependência muito grande desses municípios. Mas [a arrecadação] do ISS em
Goiana vem crescendo e isso pode ser usado para atender novas demandas do fluxo
migratório que nós teremos”, avalia o secretário.
Além do desafio da estrutura, há o desafio do
empreendedorismo. “Temos que transformar PIB em renda, esse salário vai estar
circulando na economia, é preciso que creches, escolas, salões de belezas e
shoppings se instalem ali e criem o círculo 'virtuoso'. É um desafio aos
pernambucanos que nos preparemos para capturar essa renda em Pernambuco. Se ele
ganha o salário aqui e gasta em São Paulo, os benefícios ficam em São Paulo.
Nós temos que criar uma rede aqui para atender”, finaliza Stefanni.
Fonte: G1
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