Nos últimos anos, o BNDES deu destaque aos financiamentos de
projetos que apresentavam a maior demanda do mercado, que eram as ampliações do
parque de produção das montadoras e a aprovação de novas plantas
automobilísticas. As aprovações de financiamentos do BNDES para o setor
automotivo somaram R$ 3 bilhões em 2014, até novembro. O valor inclui projetos
de ampliações, desenvolvimento de novos produtos e exportação. Desde 2008,
empréstimos do banco para o setor somam R$ 45,6 bilhões.
Prates observou que o setor automotivo brasileiro passou nos
últimos dez anos por grande crescimento. Em 2013, o país foi o quarto mercado
mundial de automóveis, caindo no ano passado para a quinta posição. “Por conta
do grande crescimento do Brasil, várias montadoras entraram com pedidos de
expansão, alguns financiados pelo BNDES. Houve um ciclo de expansão de
capacidade grande no Brasil”.
O gerente do departamento de Indústria Metalmecânica e
Mobilidade do BNDES Bernardo Hauch lembrou que muitos investimentos feitos ao
longo dos últimos quatro ou cinco anos visaram à construção de novas fábricas.
“A gente percebeu que, mesmo com a queda recente [das vendas], nenhum desses
investimentos foi paralisado ou descontinuado em função dessa queda de demanda.
Na minha visão, é uma aposta no longo prazo”.
Os investimentos projetados para o setor automotivo entre
2015 e 2018 alcançam R$ 59 bilhões, mostrando estabilidade em relação aos R$ 58
bilhões projetados entre 2010 e 2013. “Não tem quedas substanciais no
investimento”, comentou Hauch.
O BNDES considera os investimentos em reengenharia
automotiva prioritários dentro da linha de inovação. Em termos de desembolsos,
os investimentos do plano de engenharia são os mais relevantes apoiados historicamente pelo banco.
Comparando o setor automotivo com outros setores da economia, observa-se que
ele tem um perfil grande de inovação. “Em relação à receita, as empresas
investem em pesquisa muito mais do que outros setores da economia”, disse
Prates.
Bernardo Hauch completou que a indústria automotiva
contribui para o investimento em inovação no país. Levantamento do BNDES apurou
que o setor investiu cerca de um quarto do que toda a indústria investiu em
inovação nos últimos anos. Hauch observou também que o perfil das empresas se
alterou, com expansão do quadro de engenheiros acima do que havia nos últimos
cinco anos. A quantidade relativa de engenheiros nos quadros das montadoras
subiu de 3%, em 2008, para 4,3%, em 2012, com aumento de 53%, revela o estudo
do BNDES. “Mostra uma mudança de perfil”. Com isso, muitas montadoras têm
condições de projetar carros globais, com tecnologia nacional, reduzindo a
dependência externa.
Haroldo Prates disse que isso fortalece também a cadeia de
fornecedores nacional. “Em vez de trazer um modelo importado, que é feito lá
fora, você faz um projeto aqui e ele vai trabalhar em conjunto com fornecedores
locais”. Os recursos liberados pelo banco para pesquisa e desenvolvimento
(P&D) e engenharia na indústria automotiva representam cerca de 25% do
total desembolsado para inovação no acumulado 2008/2013.
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