Por meio de nota divulgada hoje (4), a Petrobras rebateu
denúncia publicada neste domingo pelo jornal O Globo de que a petroleira criou
empresas de papel para construir uma rede de gasodutos no Nordeste.
Na reportagem, o jornal diz que uma auditoria do Tribunal de
Contas da União (TCU) concluiu que o contrato assinado em maio de 2005 entre a
Transportadora Gasene, constituída pela Petrobras para tocar as obras, e a
Domínio Assessores mostra que esse escritório de contabilidade teria
características de empresas de fachada.
As duas empresas aparecem no contrato com o mesmo endereço:
Rua São Bento, no quinto andar de um prédio no centro do Rio. O próprio
contrato menciona que o escritório de contabilidade "concordou em fornecer
à contratante um endereço para abrigar sua sede"
Segundo a nota, a parceria para a construção do Projeto
Gasoduto do Nordeste - Gasene foi constituída por meio de um project finance
(projeto estruturado), elaborado pela área financeira da Petrobras, entre 2004
e 2005, com objetivo de captar recursos para a construção do gasoduto. A
empresa disse que foi criada uma Sociedade de Propósitos Específicos (SPE), a
Transportadora Gasene, de caráter privado, com objetivo de contratar os
financiamentos, construir e operar o Gasene.
“A Transportadora Gasene, constituída pelo Santander, banco
estruturador do project finance, tinha como acionistas a Gasene Participações,
com 99,99%, e 0,01%, o senhor Antonio Carlos Pinto de Azeredo. Por sua vez, a
Gasene Participações tinha como acionista um trustee (PB Bridge Trust 2005) e
0,01% o senhor Antonio Carlos Pinto de Azeredo, administrador da empresa
Domínio, que prestou serviços de contabilidade e administração tributária para
SPE [Transportadora Gasene] e que também foi contratado pela Transportadora Gasene
para ser o presidente da Empresa”, diz trecho da nota divulgada à imprensa.
A Petrobras disse que “conforme acontece nas estruturas
financeiras do gênero, a SPE (Transportadora Gasene) não tem qualquer ligação
societária com a Petrobras”.
Segundo a reportagem, a auditoria do TCU afirma que a
Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustível (ANP) autorizou a construção
e a operação do gasoduto sem analisar os documentos das empresas e sem avaliar
se o projeto era adequado. Ainda segundo a reportagem, o empreendimento na
Bahia teve os custos superfaturados em mais de 1.800%.
Na nota, a Petrobras diz que a sua ligação com a SPE se dava
por meio de contrato "em que era estabelecido que a Transportadora Gasene
S/A somente realizaria determinadas atividades mediante autorização da
Petrobras". Segundo a estatal, as atividades eram formalizadas por meio
das chamadas cartas de atividades
permitidas, "conceito aprovado por todos os financiadores do projeto”.
Em janeiro de 2012, o Gasene foi incorporado pela
Transportadora Associada de Gás, subsidiária da Petrobras, com ativos de R$ 6,3
bilhões. Os três trechos foram concluídos: são 130 quilômetros entre Cacimbas e
Vitória (ES); 303 quilômetros entre Cabiúnas (RJ) e Vitória e 954 quilômetros
entre Cacimbas e Catu (BA).
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