O trânsito do Centro do Recife pode ficar congestionado com
dois protestos programados para a manhã desta terça-feira (24). O primeiro,
marcado para as 8h, no Cais de Santa Rita, é de cegonheiros que reivindicam
trabalhar no transporte dos carros produzidos pela Fiat. O outro é de taxistas
que pedem o fim da circulação de veículos de outras cidades na capital
pernambucana e deve acontecer a partir das 10h, saindo da Avenida Beira Rio, na
Zona Oeste, até a PCR, na Avenida Cais do Apolo.
Os cegonheiros pernambucanos, acampados próximo à fábrica da
Fiat, em Goiana, na Zona da Mata, desde o dia 15 de janeiro, trarão 12 carretas
para a manifestação no Centro do Recife. Segundo o vice-presidente do
Sintrave-PE, uma das cinco entidades que representam a categoria, Luciano
Pontes, o objetivo é sair do Cais de Santa Rita em caminhada, seguidos pelos
veículos, até voltar ao local.
A reivindicação do sindicato, que tem 130 associados, é para
transportar pelo menos metade da produção da Jeep, serviço que será feito pela
empresa Sada. "A gente, daqui, só quer participar do que está acontecendo
em Pernambuco, não quer exclusividade", afirma Pontes, que acusa a Sada de
beneficiar profissionais que atuam em Betim, cidade mineira onde há uma fábrica
da Fiat. "A Sada, que é uma mera prestadora de serviço, vai contra a
vontade da Fiat, prefere proteger os cegonheiros de Minas Gerais. Lá em Betim
não vai acabar", dispara, alegando que a multinacional demonstrou, em
reunião realizada em janeiro, querer a contratação de pernambucanos.
A Sada afirmou, em nota, que serão enviados, desde Betim modelos
produzidos lá e, no retorno a Minas, os mesmos veículos transportarão os Jeeps,
que devem ser distribuídos nas demais cidades do Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
Para a distribuição no Norte e no Nordeste mão de obra extra será contratada.
Agora, serão 12 motoristas em regime CLT.
Para as outras áreas, entre técnicos e mecânicos, por
exemplo, serão 420 empregos. O investimento estimado é de R$ 120 milhões.
"A Sada esclarece que não existe nenhuma negociação com os supostos
sindicatos dos cegonheiros e ainda ratifica que não há nenhum compromisso
formal ou qualquer jurisdição que recomende a empresa a negociar as
contratações de profissionais com sindicatos", disse a empresa em nota.
O sindicato que representa os cegonheiros reclama ainda que,
apesar de uma audiência realizada com a Sada no dia 4 de fevereiro, não recebeu
comunicados oficiais da empresa com essas informações, tendo acesso a elas pela
imprensa.
Intimidação dos cegonheiros contra a Fiat ocorre desde o
governo João Lyra
O protesto dos cegonheiros, nesta terça-feira, no centro do
Recife, é o ápice de uma escalada. Muitos desavisados podem não saber, mas a
intimidação contra a Fiat não começou agora.
No ano passado, os diretores da empresa chegaram a procurar
o ex-governador João Lyra para denunciar a ação de sindicalistas profissionais,
vindos de fora, que se instalaram no Estado com o objetivo de oferecer mundos e
fundos aos profissionais do volante, mediante associação.
Além do governador, o grupo automobilístico procurou o então
procurador-Geral do Estado, Aguinaldo Fenelon.
Na denuncia, a empresa protesta que sindiclaistas
profissionais estão comercializando o negócio, prometendo o que não podem
entregar.
No Espírito Santo, o mesmo expediente resultou em mortes. O
que se dizia era que haveria vagas para todo mundo, mas, como não foi possível
atender a todos, o presidente de uma destes sindicatos acabou sendo morto em
sua própria sala de trabalho. Não dá para brincar com a vida dos outros.
Fonte: NE10 / Blog do Jamildo
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