Após uma proposta que previa a redução da maioridade penal
de 18 para 16 anos no caso de crimes hediondos e outros delitos considerados
graves ter sido rejeitada na terça-feira pelos deputados, Cunha colocou em
votação na noite de quarta-feira uma alternativa um pouco mais branda, que
incluía um número menor de crimes, e conseguiu aprovar a medida na madrugada
desta quinta.
O episódio foi semelhante ao que ocorreu em maio na votação
sobre doações de empresas a campanhas políticas – após o plenário rejeitar
repasses para candidatos, foi aprovado o financiamento apenas para partidos.
Em 24 horas, o defensores da redução da maioridade penal
conseguiram conquistar mais vinte votos, de partidos como PMDB, PSDB, PSB e PV.
Na madrugada desta quinta-feira, 323 deputados aprovaram a
mudança da maioridade penal. Na noite anterior, foram 303 favoráveis, cinco a
menos que o mínimo de 308 necessários para alterar a Constituição.
Vários deputados federais se manifestaram a favor da
proposta.
No entanto, para que a Constituição seja modificada, é
preciso ainda aprovar a matéria em mais uma votação na Câmara, após o mínimo de
cinco sessões de intervalo, e duas vezes também no Senado.
Houve grande polêmica sobre se as regras internas da casa
permitiriam ou não votar a nova proposta – uma emenda aglutinativa, ou seja, um
texto que reunia o teor de outras emendas.
Deputados contrários à votação disseram que não era possível
votar tal emenda porque ela não havia sido apresentada na quarta-feira, quando
teve início a apreciação do tema.
Diversos deputados contrários à redução disseram que Cunha
"não sabe perder" e atacaram a votação desta noite - uma
"pedalada regimental", segundo Weverton Rocha (PDT-MA); "estupro
do regimento", de acordo com Chico Alencar (PSOL-RJ), "escalada do
autoritarismo", na opinião de Glauber Braga (PSB-RJ).
Após a votação, Cunha rebateu as críticas e disse ter
certeza de que o procedimento estava correto, já que a votação do tema ainda
não tinha sido totalmente concluída.
"Processo legislativo não termina com a primeira
votação. Nós estamos absolutamente tranquilos com a decisão tomada. Eu duvido
que alguém tenha condições de tecnicamente me contestar uma vírgula",
afirmou.
Fonte: BBC
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