Coluna Pinga-Fogo: Uma dobradinha possível

Nos últimos anos foram arquitetados muitos projetos políticos para criar uma chapa composta por vereadores para a disputa de eleições municipais em Goiana. Uma considerável parte da classe política não costuma ver esses projetos com bons olhos, talvez temendo o seu potencial. É bem verdade que em muitas oportunidades tais projetos sequer conseguiram sair do campo das conjecturas. Mas, citando um exemplo recente, a última dobradinha de vereadores que disputou as eleições municipais saiu vitoriosa, elegendo Henrique Fenelon e Valdete Cruz prefeito e vice-prefeita em 2006.

Se por um lado é verdade que as notícias da Câmara Municipal, muitas vezes negativas, fazem com que os parlamentares sofram grande desgaste, é verdade, também, que o vereador é o político mais próximo do povo e está sempre presente no noticiário político, servindo como pauta diária para os debates informais nos principais centros de discussão política de Goiana, as esquinas, bares e redes sociais.

Atualmente dois nomes despontam como os mais indicados para a composição de uma possível “chapa da Câmara”, Olga Sena e Eduardo Batista. Os motivos para se chegar a esses dois nomes vão muito além da popularidade. Uma análise da atual conjuntura política, se feita friamente, certamente coloca os dois parlamentares citados no topo de uma lista de 15 vereadores e muitas variáveis.

A classe política já se rendeu a popularidade da vereadora Olga Sena. Seu posicionamento contundente na Câmara tem conquistado a simpatia da população descontente com a atual gestão municipal. Segundo informações de bastidores, muitos dos que já se colocam como pré-candidatos a prefeito tentam, cada um à sua maneira, convence-la a integrar uma chapa majoritária como candidata a vice-prefeita. E, a cada nova investida, esses tais pré-candidatos se frustram ao constatar que ela almeja, sim, integrar uma chapa majoritária, porém, sendo ela a “cabeça”.

Eduardo Batista também se destaca por sua atuação na Câmara, ainda que sem se envolver em grandes e midiáticas polêmicas. Sem render-se às benesses de quem integra a base governista, o vereador que fez parte do palanque de Fred Gadelha, que foi secretário da atual gestão, tem o respeito de grande parte da população justamente por ser hoje oposição, por não se calar diante daquilo que acredita ser equivocado em nome de uma fidelidade política que trairia sua consciência.

É justamente a consciência - vista com ironia pelos maus políticos – que une Olga e Eduardo. Volto a repetir, os motivos para se chegar a esses dois nomes vão muito além da popularidade. Os vereadores governistas Renato Sandré e André Rabicó possuem, também, potencial para integrar uma chapa majoritária, mas pesa contra eles a enorme sombra da má avaliada gestão municipal. 

Um político de palavra – Já foi secretário de Serviços Públicos em três gestões municipais. É considerado por muitos políticos e por boa parte da população como o melhor gestor da referida pasta nos últimos anos. Homem do povo e político aberto ao diálogo, Eduardo Batista só se torna intransigente quando o assunto é a chamada “palavra empenhada”. Aqueles que o cercam sempre repetem o seguinte mantra: “Quando Eduardo dá a palavra não tem jeito. Ele não abre nem para um trem!”

Pura emoção – Apesar de ser integrante de uma importante família goianense e ter se destacado como Secretária de Políticas Sociais na gestão passada, poucas pessoas imaginavam o vertiginoso crescimento da popularidade da vereadora Olga Sena já em seu primeiro mandato. Sem os vícios próprios das raposas políticas, a parlamentar tem na espontaneidade de suas emoções o seu ponto forte. Com discursos viscerais, mesmo sem contar com uma retórica elaborada, conseguiu criar um diálogo direto com a população, como comprova sua crescente popularidade.

Um candidato para chamar de seu – Há quem garanta que o ex-prefeito Osvaldo Rabelo Filho está buscando um candidato(a) para apoiar na eleição municipal do ano que vem. Na atual conjuntura existem duas principais forças políticas hoje, uma governista e outra pessebista. Como Osvaldinho não demonstra alinhamento com o atual governo municipal e muito menos com o PSB, há quem aposte que ele possa vir a apoiar uma força alternativa.