Segundo Delcídio, a corrupção na estatal ocorre já há
bastante tempo, "do governo Itamar Franco e de outros presidentes".
Com o PT, ela teria se aprofundado e se generalizado. "A indicação de
diretorias por partidos sempre ocorreu. Mas nunca no nível de detalhe de
gerente executivo. Isso nunca aconteceu."
Questionado sobre a indicação de Jorge Zelada para uma
diretoria de Petrobras, atribuída a Michel Temer (PMDB), Delcídio disse
acreditar que ela tenha sido uma decisão mais coletiva, do partido. "Eu
prefiro acreditar que ele [Temer] tenha acompanhado a indicação da
bancada."
Delcídio sugeriu no programa que ainda falta à Operação Lava
Jato chegar ao seu "core", o seu "núcleo", que seria
formado pelos políticos. O senador cassado disse que sua colaboração premiada
com a Lava Jato vai se juntar a outras e "vão fechar a estrutura [de
corrupção] que agora está sendo desvendada".
Ele também foi questionado se Dilma Rousseff sabia dos
detalhes da operação envolvendo a compra da refinaria de Pasadena (EUA), e
confirmou o conhecimento da presidente: "Ela não assumiu a
responsabilidade que é dela". Segundo Delcídio, não haveria como Dilma não
ter conhecimento de um negócio de quantia vultosa, de US$ 700 milhões. O
governo nega que Dilma tenha recebido o contrato do negócio de forma
antecipada.
Delcídio do Amaral teve seu mandato como senador cassado no
último dia 10, após ter sido alvo de processo no Conselho de Ética do Senado
por quebra de decoro. A punição foi aprovada por 74 dos 81 senadores, em votação
no plenário do Senado, após o Conselho recomendar a cassação. Não houve nenhum
voto contrário.
Com a cassação, o ex-líder do governo Dilma Rousseff no
Senado se tornou inelegível até 2027 – não pode concorrer nas eleições que se
realizarem até o fim do mandato para o qual foi eleito (que seria no fim de
2018) e nos oito anos subsequentes ao término da legislatura.
Eleito senador pelo PT, Delcídio é responsável pela
principal acusação contra Dilma Rousseff no âmbito das investigações da
Operação Lava Jato. Em seu acordo de colaboração premiada, o ex-senador afirmou
que Dilma e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva atuaram para tentar
libertar empreiteiros presos pela Lava Jato.
A principal prova contra o ex-senador no Conselho de Ética
do Senado foi a gravação de uma conversa dele com Bernardo Cerveró, filho do
ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, na qual Delcídio promete ajuda
financeira à família do ex-executivo da estatal e sugere a ele um plano de fuga
do país.
O áudio da conversa, gravada por Bernardo, foi entregue aos
investigadores da Lava Jato, o que levou à prisão de Delcídio em novembro do
ano passado. Após ser preso, o ex-senador decidiu fechar um acordo de delação
premiada.
Delcídio afirmou, em sua colaboração judicial, que partiu de
Lula a ordem para que ele convencesse Nestor Cerveró a não implicar o
pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente, em acordo com a Justiça.
Lula nega a versão do ex-senador.
O ex-senador também afirmou em depoimento que a nomeação do
desembargador Marcelo Navarro para o STJ (Superior Tribunal de Justiça) foi uma
estratégia discutida com Dilma para que o novo ministro do STJ votasse pela
libertação de empreiteiros presos pela Lava Jato. Tanto Dilma quanto Navarro
negam.
A delação de Delcídio implicou um total de 74 pessoas em
supostas práticas irregulares, nem todas ligadas ao esquema de corrupção que
envolveu empreiteiras nacionais e a Petrobras.
Em sua defesa das acusações de quebra do decoro parlamentar,
Delcídio disse aos senadores que não cometeu irregularidades que mereceriam ser
punidas com a cassação e que agiu "a mando" do governo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário