O possível esvaziamento da fábrica da Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás), instalada em Goiana, na Zona da Mata Norte de Pernambuco, devido a uma proposta defendida pelo Ministério da Saúde (MS) de construir uma nova unidade de hemoderivados em Maringá (PR), foi alvo de discussão de uma audiência pública realizada na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), na manhã de segunda-feira (7/8).
A Câmara Municipal de Goiana esteve representada na referida audiência por uma comissão de vereadores capitaneada pelo presidente do Poder Legislativo Municipal, Carlos Viégas Júnior, que de maneira muito clara fez valer a voz da população goianense que não aceita perder um investimento gerador de impostos, emprego e renda para toda a região.
"Estão querendo esvaziar a Hemobrás, transformando-a em um verdadeiro elefante branco. É importante a luta de todos, independente de cor partidária, para impedir esse absurdo, uma vez que já foi investido aproximadamente R$ 1 bilhão de reais de dinheiro público. E, esse dinheiro não pode escorrer pelo ralo. Esse dinheiro é do povo e foi pago através dos nossos impostos", disse o presidente da Câmara de Vereadores de Goiana.
Autora do requerimento para realização da audiência pública,
a deputada Priscila Krause (DEM) lembrou todo o processo de instalação da
Hemobrás em Pernambuco, que se destacava, já na década de 90, por produzir
hemoderivados em escala industrial por intermédio do Hemope. “A decisão de a
empresa vir para o Estado foi baseada em elementos técnicos e na decisão
política de descentralizar o desenvolvimento tecnológico e científico no
Brasil, o qual não deve ser monopolizado pelo eixo Sul/Sudeste”, avaliou. “O que
defendo é a viabilidade de uma empresa pública, e não de uma companhia A ou B.
E para se viabilizar, a Hemobrás precisa estar com as duas atividades
concentradas aqui”, defendeu.
A opinião foi compartilhada pelos senadores pernambucanos
Armando Monteiro (PTB) e Humberto Costa (PT), que pontuaram, ainda, o interesse
político do ministro da Saúde, Ricardo Bastos, de transferir a produção de
recombinantes para o Paraná, reduto eleitoral do político. “Se a Hemobrás não
agregar a produção do fator recombinante à sua atuação, a expressão econômica
da empresa será dramaticamente reduzida”, pontuou o petebista. “Como
coproprietário da estatal, o Governo do Estado deve ter uma postura mais ativa
sobre essa questão do que a que vem tendo atualmente. Não podemos assistir à
saída desse investimento de Pernambuco”, afirmou Costa.
Para os deputados federais Augusto Coutinho (SD/PE) e Sílvio
Costa (PT do B/PE), os quatro ministros pernambucanos que compõem hoje o
governo do presidente Michel Temer também devem participar mais ativamente na
defesa do Estado. “O objetivo de trazer este debate para a Comissão de Saúde da
Assembleia é traçar planos e ações efetivas que ajudem a resolver a atual situação
da Hemobrás”, resumiu a presidente do colegiado, deputada Roberta Arraes (PSB).
A audiência desta segunda contou, ainda, com a participação
de outros deputados estaduais e do prefeito em exercício do município de
Goiana, Eduardo Honório.
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